domingo, 3 de abril de 2022

Reorganização do Movimento Negro de Carapicuíba (27/03/2022)

 

Bandeira do Movimento Negro Unificado - Carapicuíba


No dia 27 de março de 2022 (domingo), ocorreu a refundação da Seção Carapicuíba do MNU (Movimento Negro Unificado). O Movimento Negro de Carapicuíba foi fundado em 1981.

O evento ocorreu no Kintal do Mestre, que fica na Cohab em Carapicuíba. O evento contou com campanha de filiação, roda de conversa "10 razões para se filiar ao MNU", Marta Mariano com seu relato sobre os 40 anos de tranças e Ricardo Dias com o pré-lançamento do livro "Memória da comunidade negra de Osasco", espaço para leituras e brinquedos infantis, lançamento das redes sociais do MNU Carapicuíba, moda africana com a Makini, sarau com leitura de poesias de Nibal, música com Sidnei "Sorriso" e oficina de cartazes com professor Regis.

Movimento Negro de Carapicuiíba - GT Malungos

Encontrei uma amiga de longa data, a professora Núbia e nos filiamos ao MNU (Movimento Negro Unificado). Que alegria conversar sobre nossas demandas de sala de aula em um lugar tão acolhedor e tão fortalecedor ao mesmo tempo.

Com a professora Núbia

Conversei com o Dr. Laércio, que foi um dos fundadores do Movimento Negro de Carapicuíba. Como é bom saber que temos bons exemplos para seguir.

Com o Dr. Laércio, um dos fundadores do MNU de Carapicuíba


Não cheguei a tempo da homenagem ao Ricardo Dias, mas adquiri o seu livro "Memória da comunidade negra de Osasco". Foi enriquecedor presenciar a fala da Marta Mariano, que há 40 anos faz tranças e mantém esse saber ancestral. A roda com poemas do Nibal foi algo muito bonito e fortalecedor. Me emocionei com a fala de Genésio de Arruda, que aos 84 anos trouxe esperança e força para seguir na luta contra o racismo.


Relato de Marta Mariano sobre os 40 anos de tranças

Roda de poemas com Nibal 


Genésio Arruda

Página do Movimento Negro de Carapicuíba no Instagram: https://instagram.com/mnucarapicuiba?utm_medium=copy_link.

Perfil do Movimento Negro de Carapicuíba no Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100079287006714.


Produtos Makini

O professor Régis fez uma oficina com a criançada
                                                              e o resultado foi uma fofura só

Faixa "Vidas Negras Importam" na entrada do evento


Texto e fotos: Juliana Aparecida.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Calendário 2022 - O Egito negro de Cheikh Anta Diop



Já está disponível o Calendário 2022 do projeto O Egito negro de Cheikh Anta Diop.

O projeto O Egito negro de Cheikh Anta Diop foi criado no dia 20 de janeiro de 2015. Após a Especialização em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, onde estudei como o racismo embranqueceu o Egito sob a orientação do professor Ricardo Matheus Benedicto, senti a necessidade de difundir as ideias de Cheikh Anta Diop. Desde então, procuro aprender mais sobre o intelectual senegalês ainda pouco conhecido nas escolas públicas brasileiras.

No calendário, é possível encontrar algumas imagens de Cheikh Anta Diop e algumas imagens sobre Kemet (Egito antigo), que Diop realizou grandes pesquisas, como o teste de dosagem de melanina e a relação entre o egípcio antigo e o wolof, um dos idiomas do Senegal, entre outras pesquisas importantíssimas. Também está presente uma arte sobre Cheikh Anta Diop, criada pelo João Paulo (@jp.collageart).

Algumas datas importantes sobre Cheikh Anta Diop e a história preta do Brasil foram registradas (uma administradora historiadora não deixaria passar em branco, não é mesmo). Em janeiro, temos o aniversário do Projeto O Egito negro de Cheikh Anta Diop (20/01) e o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial (21/03). Em fevereiro, temos a data de falecimento de Cheikh Anta Diop que ocorreu em 1986 (07/02). Em março, temos o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21/03). Em abril, temos a Independência do Senegal que ocorreu em 1960 (04/04) e o Dia da Luta Indígena (19/04). Em maio, temos o Dia da África (25/05). Em julho, temos o Dia da Mulher Negra / Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha (25/07) e Dia Internacional da Mulher Africana (31/07). Em setembro, temos o Dia Internacional da Mulher Indígena (05/09). Em novembro temos o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11). Por fim, em dezembro temos o dia de nascimento de Cheikh Anta Diop que ocorreu no ano de 1923 (29/12).

Fiz um calendário 2022 para o meu outro projeto sobre os negros no rock, Metaleiras Negras e uma das inspirações para a criação do calendário do projeto O Egito negro de Cheikh Anta Diop foi o projeto Calendário Negro, da professora Zelinda Barros. Vale a pena conferir!

O Calendário 2022 - O Egito negro de Cheikh Anta Diop possui distribuição gratuita. Fica proibida a comercialização do calendário.

Produzido por Juliana Aparecida, administradora da página O Egito negro de Cheikh Anta Diop.

O calendário pode ser adquirido aqui.

Aproveitem! Afrobeijos!

terça-feira, 25 de maio de 2021

Vídeo: Dia da África (25 de Maio)

Hoje é o dia da África! Nesta data no ano de 1963 foi criada a Organização da Unidade Africana (OUA), onde 30 dos 32 países independentes assinaram a carta de fundação da organização em Addis Abeba, na Etiópia.

O vídeo foi publicado no dia 31 de Maio de 2020 em meu canal no YouTube "Professora Juliana Aparecida".



 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Indicações de materiais antirracistas



Procurei materiais que possuem uma proposta antirracista e encontrei algumas coisas bem legais! Tem HQ (história em quadrinhos), capítulo de livro, material didático, material para colorir, vídeos com protagonistas negros e um jogo sobre o continente africano.

Vamos apresentar referências positivas de pessoas negras e de tudo que seja referente ao continente africano para as crianças e os adolescentes?

Aproveitem!

Professora Juliana Aparecida.
Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana.




Rapistórias para colorir
Ed Blac (Edson de Souza) colocou seus desenhos no formato de livro para colorir, além de acrescentar desenhos de rainhas e reis africanos. Ele pede que o material não seja vendido, mas pode ser impresso e distribuído gratuitamente.

HQ Sundiata Keita

Filosofia Africana – A presença do futuro também ancestral
Material didático sobre filosofia africana que o professor Rodrigo Sousa produziu no estágio do curso de Licenciatura em Ciências Sociais.

Conto Era Afrofuturista, do livro Sankofia – Lu Ain-Zaila.
Fragmento da obra Sankofia distribuído gratuitamente pela autora Lu Ain-Zaila.

Nana & Nilo – Site com jogos e desenho para colorir.
Nana & Nilo – Canal no Youtube

Bino e Fino - Youtube
Episódio A sopa secreta da vovó
As grandes muralhas de Benin
A Fino ama futebol
Contando até 10 em hausa, yorubá e igbo.
Canal (em inglês);

Guilhermina e Candelário – Canal no YouTube

Sara e sua turma – Canal no Youtube


Olelé Moliba Makasi
Cantiga infantil tradicional do povo que vive às margens do rio Kasai, na República Democrática do Congo.
Tradução da letra da música Olelé Moliba Makasi

Doutora Brinquedos (Playlist no canal Disney Junior Brasil)

Kiriku e a Feiticeira - Filme

Kiriku e os animais selvagens - Filme

Mc Soffia – Música Menina pretinha

Elis Mc – Música Vem dançar com a Elis

Seterra
Jogos sobre o continente africano, com países, capitais e bandeiras e mapa físico (é possível jogar com os demais continentes também).


domingo, 20 de janeiro de 2019

4 anos de O Egito negro de Cheikh Anta Diop: reflexos na sala de aula

Cheikh Anta Diop comprovou cientificamente a origem negra dos antigos egípcios

Hoje, dia 20 de janeiro de 2019, a página O Egito negro de Cheikh Anta Diop completa 4 anos. A ideia da página surgiu após a conclusão do curso de Especialização em História e Cultura Afro-brasileira e Africana em 2013, com o Trabalho de Conclusão de Curso intitulado O papel do racismo na construção do Egito branco, sob a orientação do professor Ricardo Matheus Benedicto.

Esse curso foi um divisor de águas na minha vida acadêmica e profissional, pois foi a partir dessa experiência que conheci o pesquisador senegalês Cheikh Anta Diop. Confesso que a princípio estranhei a perspectiva deste autor, mas conforme fui aprofundando o estudo consegui compreender a importância de suas pesquisas, tanto que ele foi a base para o meu trabalho final.

Sempre me interessei pelo Egito antigo e durante a graduação em História pelo estudo do racismo e suas consequências na sociedade, além de me interessar pelas Africanidades a partir da lei federal 10.639 de 2003. A partir de tudo isso, surgiu a ideia do TCC, onde na primeira parte é apresentado o conhecimento que os egípcios possuíam nas mais diversas áreas do conhecimento, na segunda parte é apresentado como o racismo foi responsável pelo embranquecimento do Egito, na terceira parte é apresentada uma tentativa de reafricanizar o Egito.

 Apesar de a pesquisa ter se encerrado no trabalho de conclusão de curso, a busca por novos textos de Cheikh Anta Diop não se encerrou, mas foi na sala de aula que este trabalhou reverberou de forma mais intensa.

Mesmo com as leis federais 10.639/03 e 11.645/08 (a primeira lei trata da obrigatoriedade da temática africana e afro-brasileira nos currículos escolares e a segunda lei permanece com a obrigatoriedade da cultura afro-brasileira e insere a temática indígena), as temáticas africanas, afro-brasileiras e indígenas não receberam a devida abordagem, apesar do crescimento das discussões acadêmicas e dos materiais produzidos.

Quando chega a hora de trabalhar com a civilização egípcia na escola, que ocorre no 6º ano do Ensino Fundamental e na 1ª série do Ensino Médio, não há a abordagem dos autores africanos sobre esta civilização. Uma abordagem afrocentrada do Egito fica ainda muito dependente da preocupação do professor, pois nos materiais didáticos ainda não existe essa discussão.

Por isso que a pesquisa realizada reverberou de forma mais intensa em meu trabalho docente, pois dou uma aula sobre Cheikh Anta Diop e suas pesquisas, além de pedir pesquisas para os alunos sobre quem foi este autor senegalês que fez tanto pelo estudo do Egito no século XX. Isso sem contar nos trabalhos sobre a Consciência Negra, onde um dos temas que são apresentados pelos alunos é a Intelectualidade Afro-brasileira e Africana, pois geralmente esse tema não é abordado quando se pretende falar da população negra na escola.

São com perspectivas assim que a visão que os alunos possuem da África vai mudando aos poucos e uma Educação antirracista se torna algo viável e visível no cotidiano escolar. Mas ainda falta muita coisa, como o apoio da escola como um todo, pois esta temática ainda fica restrita ao professor preocupado com essa mudança de perspectiva e a falta de tradução de autores africanos, o que dificulta o maior alcance das ideias africanas.

 Mas as mudanças estão ocorrendo, como a tradução das obras de autores africanos do continente e da diáspora por coletivos negros de forma autônoma, sem necessariamente passar por uma grande editora... isso nos mostra que a palavra chave é aquilombar-se, tanto para as traduções, quanto para a sala de aula. Sigamos!

domingo, 19 de julho de 2015

Esfinge

Presume-se que o perfil da esfinge, tipicamente negróide, represente o faraó Quéfren (cerca de -2600, IV dinastia). O perfil não é nem helênico nem semita: é bantu.

Brechtiana (Em memória de Abdias), de Nei Lopes

BRECHTIANA
(Em memória de Abdias)
Primeiro,
Usurparam a matemática
A medicina, a arquitetura
A filosofia, a religiosidade, a arte
Dizendo tê-las criado
À sua imagem e semelhança.

Depois,
Separaram faraós e pirâmides
Do contexto africano -
Pois africanos não seriam capazes
De tanta inventiva e tanto avanço.
Não satisfeitos, disseram
Que nossos ancestrais tinham vindo de longe
De uma Ásia estranha
Para invadir a África
Desalojar os autóctones
Bosquímanos e hotentotes.
E escreveram a História ao seu modo.
Chamando nações de "tribos"
Reis de "régulos"
Línguas de "dialetos".
Aí,
Lançaram a culpa da escravidão
Na ambição das próprias vítimas
E debitaram o racismo
Na nossa pobre conta.
Então,
Reservaram para nós
Os lugares mais sórdidos
As ocupações mais degradantes
Os papéis mais sujos
E nos disseram:
- Riam! Dancem! Toquem!
Cantem! Corram! Joguem!
E nós rimos, dançamos, tocamos
Cantamos, corremos, jogamos.
Agora, chega!
(Nei Lopes)